Ranqueado a franquia "Piratas do Caribe" (2003 - 2017)



Por: Rudnei Ferreira 

Quem iria imaginar que uma das atrações dos parques da Disney em Orlando iria inspirar uma das franquias mais queridas e lucrativas da história do cinema? Pois foi exatamente isso que aconteceu com "Piratas do Caribe". Iniciada em 2003 com o filme "A Maldição do Pérola Negra", a saga trouxe de volta a popularidade das histórias de piratas para o cinema depois do fracasso colossal de público e crítica de filmes como "A Ilha da Garganta Cortada" (1995), longa estrelado por Geena Davis que simplesmente faliu o seu estúdio, colocando assim as aventuras de piratas no limbo cinematográfico. Foram cinco filmes lançados, pelo menos até agora. Cinco superproduções que caíram nas graças do público, conquistando uma legião de fãs mundo afora. Entre altos e baixos, eis uma das franquias mais legais do cinema atual. Pensando nisso, confira agora o meu ranking pessoal dos cinco filmes estrelados por Jack Sparrow e companhia, indo do pior para o melhor. Boa leitura. 

Em 5 lugar: PIRATAS DO CARIBE: NO FIM DO MUNDO (2007). Dir: Gore Verbinski, com: Johnny Depp, Keira Knightley, Orlando Bloom, Geoffrey Rush, Bill Nighy, Stellan Skarsgård, Naomie Harris, Chow Yun-Fat. Classificação: 12 anos. 168 minutos. 




No capítulo decisivo que encerra a trilogia dirigida por Gore Verbinski, temos efeitos visuais espetaculares, boas sequências de ação, edição de som e trilha sonora empolgantes e bons personagens na medida do possível. Contudo, o maior problema desse terceiro filme é o seu roteiro extremamente inchado e arrastado, trazendo muitos personagens e situações com pouco desenvolvimento, encerrando de maneira pouco interessante os arcos deixados pelos filmes anteriores. 

No elenco, Johnny Depp e seu Capitão Jack Sparrow continuam divertidos e carismáticos, mesmo que o personagem seja jogado um pouco para segundo plano diante de tantos acontecimentos apresentados na tela. O casal Elisabeth Swan e Will Turner, embora conte com os esforços  interpretativos de Keira Knightley e Orlando Bloom, encerra sua participação como um casal antipático e perdido em meio as idas e vindas do roteiro. Bill Nighy e seu Davy Jones continuam visualmente marcantes, porém sem a presença imponente do vilão ameaçador visto no filme anterior. Já o pirata chinês vivido por Chow Yun-Fat e a feiticeira  encarnada por Naomie Harris entram e saem da história sem ter muito o que fazer. Inclusive, o roteiro traz uma reviravolta inesperada, porém, pouco interessante para a personagem de Harris que no fim, tanto faz para o desdobramento da história. 

No fim, "Piratas do Caribe: No Fim do Mundo", tem sim os seus bons momentos, mas a trama arrastada e confusa se perde em meia a um amontoado de acontecimentos e em uma duração desnecessariamente longa, o que torna esse um dos capítulos mais enfadonhas e desinteressantes de toda a franquia, tendo mais o visual arrebatador e algumas sequências de ação como grande atrativo. 



Em 4 lugar: PIRATAS DO CARIBE: A VINGANÇA DE SALAZAR (2017). Dir. Joachim Rønning e Spen Sandberg, com: Johnny Depp, Geoffrey Hush, Kaya Scodelario, Brenton Thwaites, Javier Barden. Classificação: 12 anos. 129 minutos.




O capítulo até então mais recente da franquia "Piratas do Caribe" tem como principal atrativo apelar para a nostalgia dos fãs ao referenciar e homenagear o primeiro filme lançado em 2003, com uma trama que volta no passado e traz acontecimentos anteriores aqueles vistos em "A Maldição do Pérola Negra". Ao mesmo tempo, a história traz empoderamento feminino, mitologia grega e as peripécias de uma nova dupla de protagonistas ao lado do carismático Capitão Jack Sparrow. 

E sem dúvida, há o que gostar aqui, já que o longa embarca na fórmula da franquia, trazendo sequências de ação e aventura bem divertidas e, porque não dizer, empolgantes. No mais, a narrativa segue quase todas as batidas do filme de 2003, reflexo do tom referencial e nostálgico da sua proposta. E embora conte sim com bons momentos, "A Vingança de Salazar" deixa transparecer um pouco do cansaço que a franquia passou a apresentar a partir do terceiro filme em 2007. Ainda diverte, mas não traz nada de novo, apostando assim no famoso "mais do mesmo" para ganhar a atenção do espectador.

 E esse cansaço é perceptivo além da história familiar, com personagens pouco interessantes, como é o caso do novo casal de protagonistas vivido pela dupla Kaya Scodelario e Brenton Thwaites, ambos sem carisma e sem  química entre si, mesmo que o roteiro force um romance entre eles. A essa altura, conhecendo o personagem como ninguém, Johnny Depp interpreta o Capitão Jack Sparrow no piloto automático, porém, sem o charme e a energia vista nos filmes anteriores. Geoffrey Rush e seu Capitão Barbossa ainda são interessantes, apesar do personagem ser pouco relevante aqui. O vilão encarnado pelo grande Javier Barden impõe a urgência da sua ameaça e o seu visual é bem legal, embora sua figura esteja longe de ser tão memorável  quanto a de um Davy Jones por exemplo.

No mais, como era de se esperar, a Disney investiu pesado no lado visual e tal investimento é visto em cena, com efeitos visual bem realizados e a trilha sonora icônica se fazendo presente. Mas é um filme que ganha mais pontos pelo seu belo trabalho de produção do que pela história em si que foca no tridente do deus do mares Poseidon mas que no fim, pouco importa, sendo usado mais para um impulso narrativo do que para algo realmente relevante. em suma, ''A Vingança de Salazar'' diverte, mas demonstra o cansaço da franquia, deixando de lado o charme e da empolgação do passado. Ainda Assim, em seus bons momentos, é um bom passatempo. 

Em 3 lugar: PIRATAS DO CARIBE: O BAÚ DA MORTE (2006) - Dir. Gore Verbinski. com: Johnny Depp, Orlando Bloom, Keira Knightley, Bill Nighy, Stellan Skarsgard, Naomie Harris. Classificação: 12 anos. 151 minutos. 



Dando seguimento aos acontecimentos de ''A Maldição do Pérola Negra'', a trama foca no surgimento de um novo inimigo, o terrível Davy Jones, o capitão pirata do navio O Holandês Voador e a sua cobrança de uma dívida de sangue com o capitão Jack Sparrow. '' O Baú da Morte'' não consegue ser um filme tão divertido e charmoso quanto o seu antecessor de 2003. Porém, longe de ser ruim, ele mantém os elementos que deram certo no filme anterior. 

As sequências de ação funcionam e divertem. A cinematografia é de encher os olhos devido a beleza das imagens, junto com os figurinos e a direção de arte que preservam os detalhes que tanto encantaram no primeiro filme. Chamam a atenção os magníficos efeitos visuais, tanto aqueles criados em CGI quanto aqueles realizados de maneira prática, assim como o competente trabalho de maquiagem e a divertida trilha sonora. E mesmo com um roteiro inferior, o filme acerta em ampliar a trama ao trazer novos elementos e também na construção  dos personagens. Repetindo o que fez no filme anterior, Johnny Depp arrasa na pele de Jack Sparrow. Ainda mais entregue e a vontade no papel, o ator faz caras e bocas, esbanja carisma e presença e sabe encontrar o equilíbrio perfeito no humor e na fisicalidade do icônico personagem. Orlando Bloom e Keira Knightley dão um passo adiante na construção do romance de seus personagens, além de terem mais relevância e espaço na trama, embora eles ainda estejam longe de ser o meu casal favorito do cinema. Porém, talvez o grande acerto entre os personagens seja a introdução do vilão Davy Jones, brilhantemente interpretado pelo veterano Bill Nighy. Tudo nesse personagem funciona, desde a construção do seu visual medonho, porém fascinante, méritos de um trabalho impecável de efeitos visuais, e da performance notável do ator, quanto da história e da mitologia em torno da sua figura, o transformando não apenas em um dos melhores personagens da franquia como, ao meu ver, um dos melhores vilões do cinema. É uma pena que o vilão perde um pouco a sua importância e imponência no filme seguinte, assim como os demais personagens, inclusive a grande estrela do filme, o capitão Jack Sparrow. 

Enfim, ''Piratas do Caribe: O Baú da Morte'' dá um passo atrás em relação ao seu antecessor. Mesmo assim, ainda é um bom filme, com ação, aventura, fantasia e humor bem empregados, com um desenvolvimento legal que culmina em um desfecho arrebatador e um gancho promissor para o filme seguinte.


Em 2 lugar: PIRATAS DO CARIBE: NAVEGANDO EM ÁGUAS MISTERIOSAS (2011) - Dir. Rob Marshall. Com: Johnny Depp, Penélope Cruz, Geoffrey Rush, Ian McShane, Sam Claflin, Astrid Berges-Frisbey. Classificação: 12 anos. 137 minutos. 



Eis que chegamos a um dos capítulos mais criticados e impopulares de toda a franquia ''Piratas do Caribe'', talvez até mais do que o terceiro e o quinto filme, que ao meu ver, são os mais fracos. O fato é que depois do resultado enfadonho, cansativo e arrastado do filme de 2007, esse ''Navegando em Águas misteriosas'' devolve a franquia nos trilhos e se consagra, pelo menos na minha opinião, como o capítulo mais divertido e com a essência de aventura e fantasia vistas até então no primeiro filme de 2003, trazendo uma trama leve, empolgante e repleta de momentos marcantes e realmente memoráveis. O mais legal é que, além de contar mais uma vez com toda a mitologia dos piratas, o roteiro acerta em trazer outros mitos, como a figura do pirata Barba Negra, que aqui funciona como um bom antagonista e o melhor: sereias. Sério: sereias são muito legais e estão muito bem representadas aqui. Além disso, o filme é o primeiro da série a trazer suas versões fictícias de personagens históricos reais como o rei da Grã-Bretanha Jorge II, o político britânico Henry Pelham, o rei espanhol Fernando VI e o próprio Barba-Negra, que foi considerado um dos mais temidos piratas dos mares. Ou seja, até nisso o filme acerta ao misturar história com a fantasiosa da franquia.    

Mas uma vez mencionando, a Disney investiu na superprodução do longa, impressionando mais uma vez com ótimos efeitos visuais, uma linda cinematografia e o sempre competente trabalho de maquiagem, figurino, cenografia e trilha-sonora. Além de bem dirigido, o filme é muito bem equilibrado em seus elementos como humor, ação e fantasia. E praticamente todos os personagens funcionam, como é o caso do querido capitão Jack Sparrow que volta a brilhar depois de ficar um pouco apagado no terceiro filme. Ate Johnny Depp parece voltar a se divertir o interpretando, protagonizando momentos impagáveis com toda a sua presença e carisma. A bela atriz espanhola Penélope Cruz, além da presença estonteante, esbanja boa química com Depp, o que os tornam uma boa dupla. Como já citado nas linhas acima, o vilão Barba-Negra de Ian McShane é talvez o segundo melhor antagonista da franquia, ficando atrás do Davy Jones de Bill Nighy. E para a minha surpresa, o casal romântico vivido por Sam Clafflin e Astrid Berges-Frisbey, quem diria, funciona melhor do que os já consagrados Will Turner e Elisabeth Swan dos filmes anteriores. E olha que esse romance tem pouco tempo para ser desenvolvido, mas funciona pelo fato dos dois atores terem química. Nem é preciso mencionar que o capitão Barbossa de Geoffrey Rush continua impagável. 

''Piratas do Caribe: Navegando em águas Misteriosas'' resgata o que o primeiro filme de 2003 tem de melhor e conserva os melhores elementos da franquia como um todo. Pra mim não importam as críticas. O longa de Rob Marshall é sim muito bom. 


Em 1 lugar: PIRATAS DO CARIBE: A MALDIÇÃO DO PÉROLA NEGRA (2003) - Dir. Gore Verbinski. Com: Johnny Depp, Keira Knightley, Orlando Bloom, Geoffrey Rush, Jack Davenport, Jonathan Pryce. Classificação: 14 anos. 143 minutos. 


O primeiro lugar do ranking não poderia ser de outro se não daquele que deu início a essa que é uma das franquias mais famosas e lucrativas do cinema atual. O filme que trouxe de volta para as telas toda a mitologia dos piratas e suas aventuras em alto mar, recuperando o interesse do público por essas histórias depois dos fracassos do passado. E o longa de Gore Verbinski, além de contar com uma história super divertida e cativante, sabe equilibrar de maneira perfeita ação, aventura e fantasia, tudo em um ritmo envolvente e que nunca perde a mão. 

Além disso, é um filme visualmente vistoso, com um rico design de produção, efeitos visuais muito bem trabalhados, onde o CGI e os efeitos práticos se casam muito bem, e uma cinematografia de encher os olhos. A trilha sonora vibrante do grande compositor Hans Zimmers dita o tom aventuresco e divertido do filme, tornando-se assim uma das mais icônicas e memoráveis da sétima arte. As cenas de ação, muito bem dirigidas e bem construídas, divertem e envolvem o público com um virtuoso tom de imersão, trazendo assim momentos muito marcantes e memoráveis. O filme tem também seus momentos mais sombrios, mas até nisso, ele consegue divertir por ser na medida. O primeiro contato com os personagens não poderia ser melhor, já que o roteiro os apresenta e os trabalha com competência. Desde o momento em que aparece na tela, o irreverente e carismático capitão Jack Sparrow já deixa claro que iria se tornar uma das figuras mais famosas e queridas da cultura pop, tudo por causa do tratamento dado a ele pelo roteiro mas principalmente pela performance certeira e extremamente entregue de Johnny Depp, tornando praticamente impossível nos dias de hoje imaginar outro ator para viver esse icônico papel. Orlando Bloom e Keira Knightley convencem e também são bem trabalhados pela trama. No decorrer da franquia, Will Turner e Elisabeth Swan, ao meu ver, foram ficando menos interessantes. Porém aqui, eles funcionam muito bem em todas as suas aparições, além de ambos terem boa química em cena com Johnny depp e seu personagem. O capitão Barbossa, vivido com igual entusiasmo pelo veterano Geoffrey Rush mostra-se um grande antagonista, carismático e ao mesmo tempo ameaçador. todos tem o seu momento em cena e em tais momentos, se destacam. A história se inicia e se encerra muito bem e se não tivesse dado início a uma franquia, teria nos proporcionado um bom exemplar de uma boa trama envolvendo piratas e toda a sua mitologia. 

Com todas as suas qualidades, ''Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra'' se consagra não apenas como o melhor filme do gênero mas também como o melhor filme de toda a franquia ''Piratas do Caribe''.  



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